Maranhão avança na criação da primeira Universidade Indígena do Brasil

Maranhão avança na criação da primeira Universidade Indígena do Brasil

O Maranhão deu um passo decisivo para a criação da primeira Universidade Indígena do Brasil ao realizar, na última quarta-feira (30), a quarta e última escuta pública no território Araribóia, em Amarante. A atividade, fruto da parceria entre o Instituto Tukàn e a FAPEMA, marca um momento histórico para a educação brasileira e o fortalecimento dos povos originários.

O encontro reuniu estudantes, caciques, mestres e mestras do saber tradicional, pesquisadores, gestores públicos e lideranças indígenas, incluindo a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. A iniciativa integra o processo de construção coletiva do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da futura universidade, marcada por uma proposta pedagógica inédita: construída em território tradicional e com governança indígena.

Pioneirismo

O presidente da FAPEMA, Nordman Wall, destacou que a fundação atua como apoiadora da iniciativa, investindo em pesquisa e no conhecimento tradicional.

 “Essa será a primeira universidade indígena do Brasil. E será construída com o protagonismo de quem sempre ensinou: os povos indígenas”, ressaltou Wall, acompanhado do diretor científico da Fundação, Cristiano Capovilla.

A proposta da Universidade Indígena rompe paradigmas. Coloca os saberes ancestrais no centro da formação acadêmica e dialoga com os desafios contemporâneos dos povos originários. O projeto conta com apoio do Governo do Maranhão, por meio da FAPEMA, da UEMA e da UEMASUL.

Maranhão avança na criação da primeira Universidade Indígena do Brasil
Escuta pública para implantação da primeira Universidade indígena do Brasil (Foto: reprodução/Divulgação/Governo do maranhão)

Durante o evento, o presidente do Instituto Tukàn, Silvio da Silva, e a diretora Fabiana Guajajara reforçaram: a criação da universidade é uma vitória coletiva.

 “É o reconhecimento dos nossos conhecimentos, da nossa identidade e do nosso direito à educação”, afirmou Fabiana.

Durante a programação, foi exibida a pré-estreia do documentário Tukàn: A semente plantada, dirigido por Taciano Brito, que narra o processo de criação da universidade. A UEMA também assinou novos acordos para fortalecer a educação indígena, incluindo a oferta de um curso de guia de turismo.

Processo de escutas públicas

A quarta escuta pública, realizada nesta quarta-feira, encerrou o ciclo que FAPEMA e o Instituto Tukàn iniciaram em outubro de 2024, ao firmarem o acordo de cooperação. Desde então, representantes indígenas e instituições públicas se reuniram em diferentes momentos e localidades para discutir os pilares da futura universidade.

Maranhão avança na criação da primeira Universidade Indígena do Brasil
Escuta pública para implantação da primeira Universidade indígena do Brasil (Foto: reprodução/Divulgação/Governo do maranhão)

A primeira escuta ocorreu ainda em 2024, nas comunidades Lagoa Comprida, Canudal e Barreiro. A segunda, em fevereiro de 2025, foi realizada na Aldeia Zutiwa, com intensa participação do povo Tenetehar. Em maio, a terceira escuta reuniu mais de 80 representantes indígenas que aprofundaram o debate sobre base curricular e princípios pedagógicos.

Agora, com a conclusão da quarta escuta, lideranças indígenas e parceiros validaram coletivamente os elementos estruturantes do PDI, o que marca a reta final para formalizar a primeira universidade indígena do país.

Diversidade e protagonismo

O projeto ganha ainda mais relevância diante da expressiva presença indígena no Maranhão. Segundo o Censo 2022 do IBGE, o estado conta com 57.214 pessoas que se autodeclaram indígenas — o oitavo maior contingente do país. Amarante do Maranhão (8.210 indígenas), Grajaú (7.927) e Jenipapo dos Vieiras (7.880) concentram grande parte dessa população, especialmente na microrregião do Alto Mearim e Grajaú, que reúne mais da metade da população indígena do estado.

A criação da Universidade Indígena em território Araribóia representa, assim, não apenas um marco educacional, mas uma ação concreta de reconhecimento, reparação histórica e valorização da diversidade cultural do Brasil.

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