Responsável por milhares de mortes e sequelas graves todos os anos, o Acidente Vascular Cerebral (AVC), conhecido popularmente como “derrame cerebral”, é uma emergência médica que exige resposta rápida. A interrupção do fluxo sanguíneo no cérebro pode matar células em poucos minutos, e o reconhecimento imediato dos sintomas é crucial para aumentar as chances de recuperação do paciente.
Confira a seguir uma entrevista especial com o Dr. Nagibe Filho, radiologista do Hospital São Domingos, especialista em Radiologia Intervencionista, Angiorradiologia e Neurorradiologia Intervencionista. Ele esclarece pontos importantes sobre o tema e destaca avanços no diagnóstico e tratamento. Acompanhe a entrevista completa:
Os dois lados do AVC
O AVC se manifesta principalmente de duas formas. O AVC Isquêmico, responsável por cerca de 85% dos casos, ocorre quando um coágulo obstrui uma artéria cerebral. Essa obstrução pode ser trombótica, formada no próprio vaso, ou embólica, quando o coágulo se desloca de outra parte do corpo e alcança o cérebro. Já o AVC Hemorrágico, menos comum, surge do rompimento de um vaso sanguíneo, causando sangramento dentro do cérebro. Pode manifestar-se como hemorragia intracerebral (dentro do cérebro) ou hemorragia subaracnoide (entre o cérebro e as membranas que o envolvem), frequentemente associada ao rompimento de um aneurisma.
Existe ainda o Ataque Isquêmico Transitório (AIT), conhecido como “miniderrame”. Nele, a interrupção do fluxo sanguíneo é temporária, e os sintomas desaparecem completamente em menos de 24 horas. Embora transitório, o AIT funciona como um alerta importante, indicando um risco elevado de AVC futuro.
Sinais de alerta
Reconhecer os sintomas do AVC é crucial para um atendimento rápido. Os sinais incluem fraqueza ou paralisia súbita em um lado do corpo (rosto, braço ou perna), dificuldade para falar ou compreender a fala, perda súbita da visão (especialmente em um olho), tontura, perda de equilíbrio ou coordenação, e uma dor de cabeça intensa e súbita sem causa aparente.
“Conseguir reconhecer o AVC, isso é o mais difícil para a população, pois ele não tem idade, não tem hora e não tem dia, podendo acontecer em qualquer faixa etária. O tratamento quanto mais rápido maiores as chances de o paciente sair com menos sequelas ou até mesmo sem elas”, afirmou o Dr. Nagibe Filho.
Uma dica importante para a identificação rápida, segundo o Dr. seria utilizar o acrônimo SAMU (ou FAST, em inglês):
- Sorriso torto
- Abraço caído
- Mensagem confusa (fala arrastada)
- Urgência: ligue para o SAMU (192 no Brasil) imediatamente
Risco e prevenção
Diversos fatores aumentam o risco de desenvolver um AVC. Entre os principais estão a hipertensão arterial, diabetes, colesterol alto, tabagismo, consumo excessivo de álcool, sedentarismo, arritmias cardíacas (como fibrilação atrial) e histórico familiar de AVC.
A prevenção, portanto, passa pelo controle desses fatores. É fundamental manter a pressão arterial e a glicemia sob controle, adotar uma alimentação saudável, praticar atividade física regular, parar de fumar e buscar o tratamento adequado para arritmias e outras doenças cardíacas.
Tempo e tratamento
O tratamento do AVC varia conforme o tipo e a gravidade. No AVC isquêmico, a janela de tempo é crítica. Medicamentos trombolíticos, como o alteplase, podem ser administrados nas primeiras horas para dissolver o coágulo. Já o AVC hemorrágico, o tratamento pode exigir controle rigoroso da pressão arterial e, em alguns casos, cirurgia para drenar hematomas grandes. Em hemorragias subaracnoides aneurismáticas, procedimentos cirúrgicos (endovasculares ou convencionais) visam ocluir o aneurisma cerebral.
Em todos os casos de AVC, o tempo é crucial. Quanto mais rápido o tratamento, maiores são as chances de recuperação e menores as sequelas.
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